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Será que estamos mesmo bem informados na internet?

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AutorBruno FerreiraCoordenador pedagógico Sobre o autor

Os algoritmos nos condicionam a um “mais do mesmo” informacional. Por isso, precisamos ser usuários ativos para driblarmos essa lógica e não nos alienarmos.

 📷: Shutterstock

Você já viu e se surpreendeu com um anúncio, nas redes sociais, de alguma coisa que você acabou de pesquisar na internet? Como será que as redes sociais adivinham nossos desejos e necessidades? A resposta é simples: isso acontece por causa dos algoritmos, que são uma lógica de programação. 

Tudo o que fazemos no computador, online ou offline, está dentro dessa lógica. Tarefas simples, como digitar um texto, seguem uma lógica algorítmica. Isso porque cada tecla é um comando que damos ao computador. Se o usuário aperta a tecla “T” no teclado quer informar ao programa que deseja que a letra “T” apareça na tela. Com isso, as palavras ou frases que digitamos são entendidas como comandos.

Os algoritmos foram criados para facilitar nossa vida. Mas eles usam nossas informações privadas para tentar entender nossas necessidades. Essas informações estão no histórico de buscas que fazemos na internet, além das nossas curtidas e compartilhamentos nas redes sociais e até mesmo nas palavras que mais usamos nas interações virtuais com outras pessoas.

Quando pesquisamos informação na internet, em buscadores como o Google, os algoritmos indicam e selecionam conteúdos na internet a partir de palavras-chave que digitamos. Depois, ordenam a seleção a partir de critérios previamente definidos, relacionados à relevância dos sites identificados. Isso não quer dizer, no entanto, que sejam realmente os sites mais importantes sobre o assunto, mas apenas os mais acessados na internet. Muitas vezes trata-se de sites pagos para aparecerem nos primeiros lugares da busca. Mas há ainda a possibilidade de os algoritmos indicarem sites muito populares ou até mesmo uma página que você visitou há pouco tempo. Por fim, eles exibem os resultados das buscas. 

Nas redes sociais, a lógica é semelhante. Nessas plataformas também podemos receber indicações de produtos que buscamos em outras plataformas, como o Google. E nesses espaços de interação com pessoas e conteúdos, há as vantagens e desvantagens de sermos governados pelos algoritmos. Algumas vantagens são:

  • Comparar produtos em promoção: por saber o que estamos procurando, os algoritmos mapeiam sites de venda e mostram preços. Assim, é possível identificar o site com o valor mais baixo, por exemplo. 
  • Receber posts que consideramos relevantes nas redes sociais: as plataformas costumam mostrar apenas os posts de páginas e pessoas com quem mais interagimos e demonstramos gostar mais, com as nossas curtidas e compartilhamentos.
  • Economizar tempo na busca por conteúdos: os algoritmos tornam nossas buscas mais assertivas e rápidas.

Mas também há desvantagens nisso: 

  • Podemos comprar coisas por impulso: somos bombardeados por vários anúncios de produtos pesquisados, o que torna difícil (mas não impossível) resistir à compra.
  • Podemos ainda nos alienar politicamente e ficar mais intolerantes: os algoritmos dão a impressão que todo mundo vê e acessa exatamente os mesmos conteúdos. Assim, quando nos deparamos com conteúdos ou opiniões divergentes das que costumamos acessar, achamos que os outros estão errados e que a visão deles é absurda. 
  • Podemos, com isso tudo, empobrecer nosso repertório cultural: como os algoritmos oferecem sempre mais do mesmo, se a gente se acostuma a apenas receber o que as plataformas oferecem, não temos contato com informações divergentes entre si, o que é bem importante para entender a realidade como ela é: cheia de contradições.

É possível driblar os algoritmos? 

Se os algoritmos são um sistema que você mesmo alimenta e que atuam como porteiros da informação, decidindo o que chega ou não até você pelos buscadores e redes sociais, é possível escapar deles? Sim! Basta ser um usuário ativo na internet, buscando conteúdos diferentes em vez de simplesmente consumir o que as plataformas oferecem. Por isso, siga perfis e acesse conteúdos com visões de mundo diferentes das suas. Até mesmo aquelas com as quais você não concorda. 

Outra dica interessante é navegar por diferentes plataformas e explorar suas opções de configuração. Você pode ainda usar o modo anônimo do seu navegador para não armazenar dados sobre os sites que você visita. Para acioná-lo, basta clicar nos pontos posicionados na parte superior direita do navegador e escolher essa opção. Ela não salva as informações de busca que você realiza quando o modo anônimo está ativado, dando ao usuário um pouco mais de privacidade.
Por fim, conheça mais sobre direito à informação e liberdade responsável de expressão. No site do Instituto Palavra Aberta tem bastante material de qualidade sobre esse tema. Se você se interessou pelo tema dos algoritmos e quer entender mais a respeito, conheça os materiais do módulo 6 do Programa EducaMídia 60+.

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Bruno Ferreira

Coordenador pedagógico

Jornalista e professor. Mestre em Ciências da Comunicação e especialista em Educomunicação pela ECA/USP. Possui licenciatura em Educação Profissional de Nível Médio, pelo IFSP. Atuou como professor de Comunicação e Desenvolvimento Social, no Senac-SP, como consultor de alfabetização midiática e informacional da UNESCO e formador de professores de redes públicas de ensino.