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Como explorar as redes sociais com mais consciência?

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AutorBruno FerreiraCoordenador pedagógico Sobre o autor

Precisamos interrogar as mensagens que acessamos e conhecer os significados dos tipos de interações que estabelecemos com os conteúdos nas redes sociais.

📸: iStock

As redes sociais podem ser espaços de socialização muito ricos, que nos permitem estreitar laços com quem já conhecemos. Mas nelas também podemos fazer novos contatos, com especialistas de temas diversos. Nela, também é possível acompanhar nossos ídolos, conhecer diferentes pontos de vista, participar de debates, criar campanhas, mobilizar pessoas e aprender coisas novas. 

Mas, apesar de tantas possibilidades interessantes, há aspectos que precisamos prestar atenção para aproveitar da melhor forma a convivência nesses espaços digitais. Entender melhor as linguagens das redes sociais e as diferentes formas de expressão nesses espaços, além dos significados das interações, como curtir e compartilhar postagens, é importante para nos posicionarmos nesses espaços com mais consciência sobre a repercussão que nossas atitudes digitais podem ter.

Linguagens e intenções nas mensagens das redes sociais

É importante perceber que na internet é possível reunir em uma mesma plataforma diferentes mídias, como texto, imagem, vídeo e áudio. Isso é o que chamamos de hipermídia. Cada mídia presente numa plataforma pode representar um conteúdo individual, assim como um mesmo conteúdo pode envolver mais de uma mídia em seu desenvolvimento. 

Essa é uma característica comum nos sites e também nas redes sociais. No Instagram, por exemplo, a prioridade são as imagens e vídeos, mas o texto também está presente, assim como as hashtags, que não são apenas textos, mas links. Quem buscar pela hashtag no Instagram poderá ser direcionado para um post sobre ela. 

Seja em sites ou redes sociais, é importante desenvolver o hábito de observar com atenção as mensagens que chegam até nós e questionar a informação que recebemos. É possível interrogá-la sob várias perspectivas:

  • Questione-se sobre o propósito. O que essa mensagem despertou em mim? Qual foi a intenção de quem a criou?
  • Indague-se sobre a audiência. Essa mensagem foi criada para mim? A mensagem parece querer agradar alguém? Quem? A quem ela parece se destinar e por quê?
  • Pergunte-se sobre a autoria. Quem produziu o conteúdo? Esse autor ou autora, mídia ou especialistas mencionados no conteúdo são confiáveis e adequados?
  • Analise o conteúdo. A informação se sustenta? O autor apresenta evidências que comprovam suas afirmações?
  • Por fim, questione-se sobre o contexto. Quando o conteúdo foi criado e como chegou ao público? Há outros conteúdos disponíveis sobre o mesmo assunto?

O que significa curtir, comentar e compartilhar?

Interrogar os conteúdos das mídias nos ajuda a entender os discursos dos chamados “influenciadores digitais”, seguidos por milhares, às vezes até milhões de pessoas. Alguns deles divulgam serviços e produtos, mas são remunerados por isso, justamente pela  capacidade que têm de chegar a muitas pessoas pelas redes sociais. 

Mas esse tipo de conteúdo deixa a dúvida se o influenciador ou influenciadora faz essas divulgações por afinidade e convicção ou como prestação de serviço publicitário. Isso deixa a identificação do teor dos conteúdos mais difícil. É bem diferente dos intervalos comerciais na TV e no rádio, cujos espaços são bem delimitados nas programações. 

E qual o impacto de quando curtimos e compartilhamos os conteúdos desses influenciadores ou de qualquer outra pessoa nas redes sociais? Isso significa que concordamos com o conteúdo da mensagem, que endossamos aquela ideia! Por isso, precisamos ter muita clareza do que esses gestos simples significam, pois muita gente acaba curtindo coisas sem refletir muito, quase no piloto automático. 

Além disso, curtir e compartilhar são ações que ajudam a rede social a entender nossos gostos e com quais tipos de conteúdo temos mais chance de nos engajar. Isso faz com que essas plataformas nos apresentem cada vez mais conteúdos relacionados aos que curtimos, comentamos e compartilhamos. O lado bom disso é o permanente contato com conteúdos que gostamos. Mas tem um lado ruim: ficamos alienados se apenas consumimos o que as redes apresentam, sem buscar informações diferentes em buscadores e outras páginas da internet.

Precisamos, portanto, ser usuários atentos aos conteúdos disseminados nas redes sociais e outras plataformas digitais. O excesso de informação nesses espaços é convidativo ao piloto automático e podemos curtir e compartilhar conteúdos sem refletir muito a respeito, endossando pessoas e mensagens que, no fundo, não nos representam. 

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Bruno Ferreira

Coordenador pedagógico

Jornalista e professor. Mestre em Ciências da Comunicação e especialista em Educomunicação pela ECA/USP. Possui licenciatura em Educação Profissional de Nível Médio, pelo IFSP. Atuou como professor de Comunicação e Desenvolvimento Social, no Senac-SP, como consultor de alfabetização midiática e informacional da UNESCO e formador de professores de redes públicas de ensino.